quinta-feira, 18 de julho de 2013

          "As dores diárias da fibromialgia."

                                   


Uma síndrome que ainda se desconhece a causa e a 
cura, a fibromialgia costuma provocar dores diárias, que se espalham pelo corpo, ao mesmo tempo ou de forma migratória.
Imagine que você passou horas e horas presa dentro de uma caixa apertada de papelão, sem poder se mexer ou respirar com tranquilidade. 
Pense agora como esta situação atinge seu corpo e sua mente, provocando desconforto e dores musculares e sintomas de ansiedade e depressão.
                                                                                                         Sua cabeça parece pesar 300 quilos e já não é fácil para ter um sono profundo ou executar suas tarefas diárias. A memória também começa a apresentar falhas, assim como a concentração, que está cada dia pior. 
Essa descrição parece a de uma cena de filme de terror, mas não é, é na verdade a sensação e os sintomas das pessoas que sofre com a fibromialgia.
Conforme o reumatologista Maicon Nunes Loureiro, a fibromialgia é uma doença que se caracteriza por um quadro de sensibilidade dolorosa aumentada (por pelo menos três meses), difusamente pelo corpo.                                             
Essa dor pode atingir várias partes do corpo ao mesmo tempo ou de forma migratória, ou seja, a pessoa pode ter dores em locais diferentes e em dias diferentes. 



“Seria como se o cérebro das pessoas com fibromialgia estivesse 
com um “termostato” ou um “botão de volume” desregulado, que ativasse todo o sistema nervoso para fazer a pessoa sentir mais dor. Desta maneira, nervos, medula e cérebro fazem que qualquer estímulo doloroso seja aumentado de intensidade”, explicou.
As dores aparecem com mais facilidade, por causa de alterações neuro-químicas no Sistema Nervoso Central (nervos periféricos, medula espinhal e cérebro). “Hoje sabemos cada vez mais destas alterações, porém ainda não temos a causa conhecida e, consequentemente, ainda não há um tratamento curativo”, informou.
Loureiro destaca que a fibromialgia é uma doença multifatorial, que não se sabe a causa principal. Porém, há indícios de fatores genéticos e ambientais. “Situações de “estresse” físicos e emocionais podem ter papel no aparecimento ou agravamento da doença. A percepção da dor possui aspectos complexos, envolvendo a personalidade da pessoa e a forma de encarar a doença. Aspectos sociais também influenciam, desde o acesso ao tratamento, insatisfações pessoais e no trabalho, etc”, relatou.
A fibromialgia pode afetar qualquer idade, até mesmo crianças, a chamada fibromialgia juvenil. Porém, é mais comum em mulheres, atingindo 3% a 5% da população feminina e 0,5% a 1,6% da população masculina, sendo assim até 10 vezes mais comum em mulheres na faixa etária dos 35 aos 55 anos.
Sintomas



               
O sintoma mais importante da fibromialgia é a dor difusa pelo corpo e conforme o reumatologista, os pacientes habitualmente apresentam dificuldade para definir quando ela começou, se começou de maneira localizada e depois se generalizou ou se já começou no corpo todo. 
“O paciente sente mais dor no final do dia, mas pode haver também pela manhã. A dor é sentida “nos ossos” ou “na carne” ou ao redor das articulações”, explicou. 
Ele também destacou que a pessoa com fibromialgia tem uma sensibilidade maior ao toque, sendo que muitos pacientes não toleram ser “agarrados” ou mesmo abraçados e a sensação de inchaço pode aparecer pela contração da musculatura em resposta à dor (porém não há inflamação verdadeira de articulações ou tendões).
Além das dores    

A fibromialgia costuma provocar outros sintomas de origem psicológica, os chamados “sintomas satélites”.                                                                                       Dentre eles, mudanças de humor (ansiedade, depressão) e personalidade, alterações de memória e atenção (distúrbios cognitivos), sono irregular e não reparador, alterações intestinais e miccionais, intolerância ao exercício e a medicamentos, pernas inquietas à noite e cansaço durante o dia.
Segundo Loureiro, a alteração do sono na fibromialgia é frequente e afeta quase 95% dos pacientes. Inclusive, no início da década de 80, descobriu-se que pacientes com a doença apresentam dificuldade de manter um sono profundo. “Com o sono profundo interrompido, a qualidade de sono cai muito e a pessoa acorda cansada, mesmo que tenha dormido por um longo tempo – “acordo mais cansada do que eu deitei” e “parece que um caminhão passou sobre mim” são frases frequentemente usadas. Esta má qualidade do sono aumenta a fadiga, a contração muscular e a dor”, argumentou Loureiro.
A depressão de acordo com o reumatologista, também está presente em metade dos pacientes com fibromialgia. Isto quer dizer duas coisas: 1 a depressão é comum nestes pacientes e 2 nem todo paciente com fibromialgia tem depressão. “Por muito tempo pensou-se que a fibromialgia era uma “depressão mascarada”. Hoje, sabemos que a dor da fibromialgia é real, e não se deve pensar que o paciente está “somatizando”, isto é, manifestando um problema psicológico através da dor”, ressaltou.
Outros sintomas que podem estar presentes é a síndrome do intestino irritável, que acontece em quase 60% dos pacientes que tem a doença, e caracteriza-se por dor abdominal e alteração do ritmo intestinal para mais ou para menos. Além disso, o médico revela que pacientes apresentam a bexiga mais sensível, sensações de amortecimentos em mãos e pés, dores de cabeça frequentes e maior sensibilidade a estímulos ambientais, como cheiros e barulhos fortes.
Diagnóstico
O diagnóstico, segundo Loureiro, tem de ser elaborado através de uma boa consulta médica, com tempo suficiente para analisar todos os sistemas e órgãos do corpo. “Isto é importante para que possamos descartar outras doenças que também causam dor pelo corpo”, relatou. 
Desta forma o exame físico é importante para que o médico analise os locais de dor, se existem sinais inflamatórios (no caso, para diferenciar de uma doença inflamatória) e a gravidade de cada caso. “A especialidade da reumatologia é que analisa quadros deste tipo, na investigação de dores localizadas ou difusas, para diferenciar causas diversas de dores que uma pessoa pode ter”, argumentou.
Tratamento
Apesar de a medicina ainda não ter uma resposta para o surgimento e para a cura da fibromialgia, o reumatologista enfatiza que existe um tratamento que ajuda a diminuir os efeitos da doença, o qual deve ser feito sem mudanças muito radicais no dia a dia da pessoa. “Sempre tentamos fazer o tratamento sem que a pessoa tenha de parar de trabalhar ou mudar sua rotina, pois isso pode dificultar mais a reintegração futura”, comentou.
Ele também explica que a pessoa portadora de fibromialgia deve conhecer o seu problema, excluir outras doenças que podem ser parecidas e seguir as devidas orientações médicas para que, gradualmente, possa corrigir hábitos de vida errados e controlar a dor através de medicamentos corretamente prescritos.

“Não se trata somente um braço, uma perna ou a coluna... Temos de controlar a dor generalizada, além dos sintomas satélites (sono ruim, depressão ou ansiedade, alterações intestinais, etc)”, comentou.
O reumatologista também orienta que é muito importante, talvez mais que as medicações, que o paciente abandone o sedentarismo e siga um programa de exercícios físicos. Ele destaca que a atividade deve ser preferencialmente aeróbica, como caminhada, natação, bicicleta, entre outros, opções que ajudam o corpo produzir seu próprio analgésico, além de proporcionar uma melhor oxigenação cerebral e muscular, melhorando a dor, o sono e o humor. Outros tratamentos como acupuntura, pilates, yoga, fisioterapia, meditação podem ser utilizados como coadjuvantes ao tratamento. 
“O papel de alongamentos e exercícios de fortalecimento muscular tem sido estudado constantemente e tem valor positivo no tratamento”, mencionou.
                            
COMISSÃO DE PORTADORES DE FIBROMIALGIA
Presidente: Patrícia Amaral Alvarista



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